Terça-feira, 24 de abril, Presidente Prudente, 12:39, Centro, Horário de almoço. Todos andam para lá e para cá, com sacolinhas, caixas, marmitas e crianças de colo. Do apartamento vejo todos eles da mesma altura, todos pequenos. Toda figura possível nesta cidade consigo ver andando pelo centro, o rapaz com pressa, que cruza a calçada correndo com a marmita na mão, a mãe que solta a criança do braço e grita “volta aqui Jhonatan William, se não te arrebento”, o velho que sai de casa para passear no e congestionar o trânsito com seu corpo lento e suas sandalinhas de couro, comprada no último dia dos pais.
Por cima deles me sinto o criador do céu e da terra, todos aos meus pés, fico encarregado só de observa-los e criar uma história de vida para cada um durante os 45 segundos que demoram para mudar de quarteirão.
Bibi! Chegou a marmita pro atendente da loja. Nesse meio tempo as duas tias aposentadas atravessam a rua trotando, naquele momento achei que estava vendo um documentário sobre gorilas, logo já imaginava os gorilas trotando. Outro velho passa na rua, só que dessa vez usava um chapéu panamá e uma bengala, deveria estar indo para a praça jogar uma partida de dominó. Velhos gostam de praça, desde que tenha dominó ou cachaça.
Já são 13:01, o cheiro do salgado do chinês já começa a voar em direção a janela do edifício. Dentro da lanchonete, só gente com pressa fazendo movimentos repetitivos de “ põe-molho-e- morde, põe-molho-e- morde.
Lá vou eu olhar os passantes. Sempre a mesma coisa, o motoqueiro, a moça com sacolinhas de roupa, o rapaz com envelope na mão, outras duas tias aposentadas atravessando a rua trotando, outro velho de chapéu, mas esse não era panamá, era palha. Oque se ouve é freio de moto, freio de carro, atendente da loja de roupas no microfone falando a seguinte frase “ vendedora Maria Julia, comparecer ao estoque” e o som das Casas Bahias com um monte de musicas escrotas para espantar os clientes.
Nem é nada diferente, nem novidade, só foi mais uma terça corrida para o pessoal do centro da cidade. Mais um dia de expediente e de trabalho. Deixe-me terminar o texto, pois acabo de lembrar que sou um deles e logo mais tenho que descer e tomar o rumo de casa. Será que alguém vai me observar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário